Dotô, (ai seu dotô)
Vou dizer pra você
Cansei de chorar
Cansei de sofrer
A nêga esculachou
Me deixou sem um tostão
Se mandou lá do meu barracão (breque!)
Não sei onde foi morar
Não me deu satisfação
Desligou o celular
Levou a televisão
Foi-se o tanque de lavar
E também o meu colchão
Deu um jeito no sofá
Só pra eu dormir no chão (ai seu dotô)
E os meus discos do paulinho
A danada bagunçou
Encontrou meu cavaquinho
E no chão arremessou
E agora o meu chorinho
De tristeza se calou
Já não toca o benzinho
Que ela um dia admirou
Ela era comunista
E levou o capital
Era o primeiro da lista
Das ofertas de jornal
E eu que era um sambista
De respeito e de moral
Fui tirado de esquerdista
Ufanista e coisa e tal (breque!)
Ela era trotiskista da 4ª internacional
Mas é agora que eu defendo
O programa nacional (ai seu dotô)
Essa nega é da zoeira
Gosta de um ziriguidum
Foi ao baile sexta-feira
E dançou com qualquer um
Levou a minha carteira
E acertou no 21
E eu fiquei na bebedeira
Sem mulé e sem nenhum (breque!)
(Ai seu dotô!)